domingo, 6 de novembro de 2011

Audiência Pública sobre a barragem de Serro Azul

No dia 04 de novembro, no ginásio de esporte da EMAG, em Palmares,  a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) realizou uma audiência pública para apresentar e discutir com a população o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da barragem. O Rima foi apresentado de forma resumida. As informações disponíveis no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), solicitado pela CPRH ao empreendedor como parte do processo de licenciamento ambiental não foi apresentado. Percebemos que foi uma audiência formal, para cumprir as regras, pois mais uma vez a questão da população ficou fora das apresentações. Quem participou do debate questionando alguns aspectos fomos nós que acompanhamos os/as agricultores/as, a CPT, Instituto Sabiá da Mata, Dr. Edson Guerra, promotor agrário do Estado, que se comprometeu conosco de acompanhar o processo e os próprios moradores dos Engenhos. Político nenhum se manifestou, apesar de serem poucos os presentes, até do próprio Estado. O único secretário presente foi Dr. João Bosco, secretário de Recursos Hídricos e Energéticos. O qual foi conciso na sua decisão, disse que: “vamos indenizar as 18 famílias do eixo da barragem em dezembro e em janeiro iremos começar a construção”, repetindo várias vezes. Afirmou ainda que “com as outras famílias vamos fazendo as negociações até 30 de abril de 2013”.
Esta proposta não agrada a população que teme em sair de suas casas expulsos pelas águas. Segundo seu Zé Ferreira, presidente da associação dos moradores, “Constrói-se o paredão e dá um pé na bunda de nós para irmos morar em baixo da lona, se der outra cheia o povo de Palmares, Água Preta e Barreiros vão pedir para fechar a barragem, e nós vamos para onde? Para debaixo da Lona Preta”.
A angústia é muito grande. Temos acompanhado a aflição deste povo é grande e a insegurança de saber para onde vão maior ainda.
Sete meses se passaram e o sofrimento continua, nem a audiência oficial apresentou algo de concreto em relação às pessoas. Falaram da fauna e da flora. E o povo? Até esta data ainda não terminaram o cadastramento das famílias. O sofrimento dos/as atingidos/as é maior do que os que sofreram as enchentes que foram dias e num baque só. Eles passam meses e meses agonizando, sem resposta de seus questionamentos. Como disse seu João Faustino, morador do engenho Verde, “Vocês querem matar mil pessoas para servir de remédio para dez mil”. De fato ele tem razão, não se pode fazer justiça cometendo uma injustiça, arrancando o povo de sua terra sem garantia de nada.
Portanto, temos um grande compromisso com este povo e não podemos deixá-los desolados diante do impacto do anuncio da construção da barragem.
Marisa Ribeiro do Amaral.
Sandra Aparecida Leoni.

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